Insónia

Não dorme nunca a cidade
E a contemplá-la do céu
Com admirável assiduidade
Não durmo nunca eu.

Revolto-me na cama
Encaro o relógio, é já madrugada
Desloco-me à varanda
E a cidade ali, acordada.

Ouve o que lhe digo, mas não responde
Responde quem passa sem saber a quem
Depressa ri, corre e se esconde
E estou de novo eu, a cidade e mais ninguém.

E por fim acorda de novo, diante do meu olhar atento
Sem nunca ter dormido, a cidade
Pergunto-me se estará em sofrimento
Responde que já sofreu e que agora, é só saudade.



Fernando Fernandes

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