Existência II

Misteriosa existência esta
Ditada por quem a não possui
Traçaram-me o caminho
E eu cego, fui.

De que vale viver assim
Com a existência hipotecada
Ambicionando a vala comum
De quem não sonhou ser mais que nada.

Sonho ser livre para sonhar
Com a vida com que sonho
Sendo que sonho em sonhar
Com a vida com que sonho.

Nem esta vida é um sonho
Nem eu jamais sonhei com ela
Mas na falta de um sonho melhor
Aceito para a minha vida esta cela.

Perco então a razão
Da minha crise de existência
Falta-me um sonho da vida
Falta-me na vida a essência.



Fernando Fernandes