Existência I

Não depende de mim o Meu futuro
Ou dependerá? Não sei
Receio que não dependa,
Mas que dependa também.

Persigo o sonho de alguém
Com quem me cruzei no passado
Mas não me lembro de quem,
Foi um encontro conturbado.

Sinto então que não sei ser
Quem eu penso que querem que eu seja
Não sinto no entanto que saiba
Que ser anseio ser.

Não sou, não serei nem posso querer ser nada
Tendo também eu em mim todos os sonhos do mundo
Mas de todos os sonhos que carrego
Não trago nenhum meu.

Falta cumprir-se o sonho meu
Mas falta-me o sonho, o sol e a vida
E se para morrer é preciso estar vivo
Sinto que jamais morrerei eu.



Fernando Fernandes